• Jornal de Negócios do Sebrae-SP
Atualizado em
Cesta de alimentos de produção agroflorestal em Ribeirão Preto inclui até temperos e chás  (Foto: Divulgação)

Cesta de alimentos de produção agroflorestal em Ribeirão Preto inclui até temperos e chás (Foto: Divulgação)

Que tal receber semanalmente, em casa ou em um local próximo, uma cesta com hortaliças, legumes e frutas produzidas de maneira sustentável e sem uso de agrotóxicos? A ideia conquistou centenas de consumidores em duas cidades do interior de São Paulo e mostrou aos produtores rurais que é possível encontrar uma maneira de comercializar seus produtos sem intermediários e com garantia de periodicidade de compra – um fator fundamental para quem depende do tempo da plantação e da colheita.

“As cestas variam toda semana, às vezes são mais folhas, outras vêm mais frutas, isso depende da produção. Toda segunda fazemos reunião com os produtores para definirmos o que vai nas cestas da semana”, explica Christine Bugnon, responsável pelo grupo das “cestas agroflorestais” de Ribeirão Preto, que reúne produtores familiares de um assentamento na área rural da cidade.

Além dos alimentos mais tradicionais, as cestas costumam incluir temperos e chás e são entregues todas as terças em vá- rios pontos da cidade. As mensalidades variam de R$ 130 (cesta pequena) a R$ 180 (grande).

Apenas com a cesta, Christine afirma que os produtores chegam a tirar R$ 600 mensais – a renda é composta pelo que também recebem ao vender para feiras, mercados e escolas. Ela conta que os produtores preferem não chamar os alimentos de “orgânicos”, mas sim de “agroflorestais”, já que o cultivo envolve não só a ausência de agrotóxicos e inseticidas, mas também uma integração à vegetação nativa. “As pessoas compram também a questão de como plantamos, que é uma maneira de aliar a produção com o reflorestamento”, diz.

A estratégia de oferecer frutas e vegetais sustentáveis em cestas entregues em domicílio se mostrou um negócio acertado para o produtor Vítor Franco, de São José do Rio Preto. Em uma propriedade na zona rural do município, ele planta hortaliças, legumes e frutas orgânicas, que comercializa por meio de cestas entregues semanalmente.

Ele criou até uma marca – Seio da Terra – para impulsionar a ideia. “Hoje entrego mais de 150 cestas por mês, inclusive com clientes mensalistas. Os produtos variam a cada época e eu divulgo com antecedência pelo whatsapp. É uma prestação de serviço de forma cômoda, com produtos de qualidade”, diz.

Formado em comunicação, Franco decidiu seguir o caminho da roça por questões pessoais, mais do que pela realização financeira. “Meu diploma não daria a satisfação que eu sinto ao trabalhar com a terra”, conta. Hoje ele está no limite da produção e, para compor as cestas, compra produtos de um amigo também produtor rural.

Com apoio do Sebrae-SP, entre consultorias e cursos, conseguiu estruturar melhor a gestão do negócio, como organizar o fluxo de caixa. “Eu costumo dizer que o meu trabalho é o cenário ideal: o agricultor subsidiado pela comunidade”, afirma.

Alternativas

Para o consultor do Sebrae-SP Leandro Ribeiro, do ER Botucatu, os produtores de orgânicos lidam com um público exigente e de renda mais alta, o que faz com que os empreendedores precisem criar alternativas para a venda de suas cestas – entrega em domicílio e diversificação de produtos são boas apostas.

“Esse consumidor quer alimento fresco, de boa qualidade e com praticidade. É uma relação muito baseada na confiança que ele tem no fornecedor”, aponta.
Ribeiro lembra que o produtor rural precisa entender bem sua demanda, até mesmo para poder escalonar sua produção, minimizar as perdas e calcular custos com entrega. “Pedidos com antecedência de uma semana vão ajudar no planejamento”, diz.

Outra sugestão é procurar locais com possível demanda centralizada, como um condomínio em que ele leva os produtos para vender uma vez por semana, por exemplo. “Isso ajuda a tornar o produtor conhecido e diminui os custos de entrega”, afirma o consultor.