Setor automotivo tem mudança à vista

Indústria se adapta às novas tecnologias e à evolução da mobilidade

Por GIOVANNA RIATO, AB
  • 22/08/2016 - 17:00
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    Inovação é a palavra de ordem para o setor automotivo. O recado foi dado por Reynaldo Saad, sócio da Deloitte, durante o Workshop Planejamento Automotivo 2017, promovido por Automotive Business em São Paulo na segunda-feira, 22. Para o consultor, apenas com inovação as empresas conseguirão acompanhar as transformações em curso na mobilidade, na tecnologia e no desejo do consumidor. "Atuação multidisciplinar é o que a economia e o consumidor estão pedindo", enfatiza.

    Saad lembra que a sociedade entrou na era do consumidor conectado, informado e consciente. Segundo ele, o cliente tem hoje preocupação ética e ambiental muito mais latente e está fortalecido e empoderado pelas mídias sociais, que dão voz para reclamar ou exigir melhorias. Outro desafio é que ficou muito mais difícil fidelizar as pessoas, que buscam novidade constante, com mais tecnologia e outras formas de posicionamento do produto e das empresas. "O futuro não é mais daqui a cinco anos. O futuro pode ser amanhã e as empresas precisam pensar fora da caixa para atender a esta expectativa", resume.

    O consultor da Deloitte aponta que o uso de dados permitirá atender a este novo cliente de forma muito mais personalizada, de acordo com seus hábitos e desejos. Será "oportuno e personalizado", diz. A tecnologia, no entanto, traz também o desafio de garantir a segurança cibernética e evitar a todo custo o vazamento ou uso indevido das informações dos consumidores. Há ainda a expectativa da chegada de novos players.

    Saad lembra que Google e Apple trabalham há algum tempo no desenvolvimento de soluções para o setor automotivo. Ele espera que em até três anos estas grandes novidades chegarão ao mercado, com grande impacto em empresas já estabelecidas. O consultor prevê grande mudança no conceito de mobilidade, que precisará oferecer mais eficiência. "Andar de carro se tornou caro e um desperdício de tempo no trânsito", aponta, colocando em pauta a evolução do compartilhamento de carros e a expectativa de que a chegada dos veículos autônomos mude completamente o conceito de posse do veículo.

    Mais um grande vetor de transformação para o setor automotivo, segundo a Deloitte, é a questão ambiental. "O consumidor era menos preocupado com isso antes talvez porque o uso de carrosnão era tão difundido", avalia. Saad aponta que é essencial melhorar a relação entre peso e carga no veículo. "Normalmente o carro pesa muitas vezes mais do que transporta de pessoas. Isso é ineficiente." Saad enfatiza ainda que a dissipação de energia é muito grande, com 65% do combustível desperdiçado em outros processos que não o de mover o automóvel.

    INDÚSTRIA DE US$ 2 TRILHÕES POR ANO

    As mudanças, Saad acredita, exigirão muito mais do setor automotivo do que produzir carros. "É uma indústria global de US$ 2 trilhões por ano. Apenas um terço disso são receitas do setor automotivo. O restante é periférico, de segmentos relacionados", afirma. Ele acredita que as parcerias de negócios precisarão ser ainda melhores e mais próximas. "É necessário manter relações mais saudáveis. Sentar na mesa com o fornecedor, abrir os números, e estabelecer condição de ganho para os dois lados", esclarece.

    Para ele, o ciclo virtuoso deve ser multiplicado em todas as outras esferas, incluindo o engajamento dos funcionários e a parceria com seguradoras, instituições financeiras, entre outras. "Na mídia, por exemplo, não vai bastar tentar vender um produto para o consumidor. É preciso entregar algo, engajar o cliente e a sociedade."